terça-feira, 26 de maio de 2009

Educação = Técnica + Criatividade.


Depois de assistir ao filme Homem de Ferro, eu falei pro meu irmão: "bah, imagina o monte de gurizada que vai querer fazer engenharia mecatrônica agora". E ele: "sóóóó...". Sério, é muito legal ver o Tony Stark criando aquela armadura. É quase como pensar: "eu posso criar o Superman com as minhas mãos".



Onde estão os estudantes de robótica? Onde estão os carpinteiros? E os eletricistas?


O domínio de uma técnica é tão difícil de ser encontrado nos estudantes de hoje em dia, que eu me pergunto: quem está cuidando da luz do Farol de Cidreira?

Besteiras à parte, ou melhor, falando sério, hoje em dia todo mundo faz faculdade de Direito, Administração ou Publicidade. O primeiro, fala bonito, o segundo normalmente não vira empreendedor, e o terceiro, fala ainda mais bonito que o primeiro.

Mas e a montagem de aparelhos eletrônicos? E os móveis sob medida?

Na resposta a essas perguntas, a maioria pensa: "ah, sempre vai ter OUTRO pra fazer esse trabalho braçal". E assim caminhamos para a obesidade, quer dizer, para a obviedade e estagnação.

Assistam este vídeo, de uma palestra para o TED, do Ken Robinson. Ele fala como as escolas matam a criatividade.
O vídeo tem mais ou menos 10 minutos. Mas devo ressaltar: é daqueles que fazem você ganhar o dia. Esta é só a primeira a parte, se puder, assista a segunda também, pois há um momento muito emocionante sobre uma coreógrafa.



A principal mensagem desta plestra é: a educação de hoje em dia, é feita pra transformar o ser humano em um professor universitário. O que não é nada mal, mas infelizmente, precisamos das outras peças para que o mundo funcione.

Enqunto escrevo este post, está passando um episódio do Aprendiz - Universitário. É notável como as provas pedem que os candidatos tenham domínio de técnicas. Mas claro, no final, parece que mesmo você fazendo uma bosta de tarefa, você pode se safar da demissão se falar bonito.

O vídeo de Ken Robinson, ressalta também a importância da criatividade no ser humano. Com o domínio da técnica, a teoria é fácil de ser entendida. E quando sabemos o que estamos fazendo exatamente, é fácil criar algo. Pois quando já sabemos o caminho, é só mudar a rota pra vermos algo diferente. Algo novo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Rodarte: no esqueleto da moda.



Costumamos dizer que quando algo está nos afetando muito, isso está até o osso. Talvez por causa da localização do nosso esqueleto: dentro de nós. Por isso, pessoas que não gostam de superficialidade, normalmente usam imagens de caveiras e ossos para mostrar a sua "profundidade". A moda, que é considerada a mais fútil das expressões artísticas, pode sim, trazer a tona nosso âmago.

Como? Com criatividade e lindas cores, claro! E é isso que a dupla de estilistas da marca Rodarte está fazendo.






Com peças que se utilizam de faixas quase entrelaçadas e telas transparentes que dão uma ilusão de ótica, as roupas da grife parecem ser esculturas costuradas no corpo da mulher. Tudo isso, sem formas óbvias.




Os colorados que me desculpem, mas esse vestido tá digno do tricolor.
_ _ _

Kate e Laura Mulleavy, fundaram a Rodarte no outono de 2005. Duas irmãs da Califórnia, formadas basicamente em artes visuais. Com o talento, veio o sucesso.


Keira Knightley, na Premiere de seu filme, usando uma peça da grife.

E o vestido de Keira, é da mesma linha que Britney Spears, escolheu para estampar na capa de seu último álbum, Circus.



Mas a maior fã das estilistas Californianas, é a texana Reese Witherspoon.



Até Michelle Obama se rendeu aos modelos da dupla.

Faça como ela: na hora de abrir o guarda roupa, Change.

Site oficial - www.rodarte.net

sábado, 23 de maio de 2009

Dourado, lã e arco-íris

Post originalmente feito em 6 de Abril de 2008:

Sempre gostei de acompanhar tendências, mas não necessariamente seguí-las. Pois normalmente, se isso acontece, você cai na armadilha da Miranda, em O Diabo Veste Prada. Admiro aqueles que criam seu estilo próprio. E não é pecado nenhum você admirar aquela meia azul da sua amiga e querer uma igual, desde que ela faça sentido pra você. Mas o mais legal da moda, é a criação. É o novo, que ninguém espera, aparecendo de repente.




Por isso, fiquei um pouco surpresa quando li aqui, e depois aqui, que na Europa agora, o babado é usar sapatos dourados. Pois a minha sandália, tá na rua desde outubro passado.


E é estranho saber que pessoas do outro lado mundo tiveram a mesma idéia que você. It's kinda creepy! Mas daí comecei a me lembrar por que comprei esse sapato. Eu havia visto um clipe da Björk, em 2004, onde ela usava umas botas estilo astronauta na cor dourada. Fiquei apaixonada... mas claro, nunca iria achar esse modelo aqui no Brasil.. e nem poderia arcar com o valor, hehehehe... Então a vontade de ter algo dourado foi amadurecendo. No início de 2007, vi um comercial da Motorola, onde as pessoas andavam na rua escutando suas músicas e tal. Aí focaram os pés de uma pedestre e ela estava com uma sandália dourada! Amei.. mas pensei: nunca vão lançar algo do tipo no Brasil. Então, para minha surpresa, em outubro, vi o modelo acima, nas Lojas Renner. Comprei na hora. Fiquei toda contente... aquele sentimento de mulher-pós-shopping que os homens nunca vão entender, hehehehe...

Mês passado, então, estava eu, esperando o buzão pra ir pro trabalho, e vejo uma senhora nos seus 60 anos, estilo vó alemoa, com vitalidade pra cuidar da horta e do potrero. Ela estava usando a mesma sandália que eu! A dourada! Segurei pra não rir! E vou dizer, ficou bem nela, mas com um outro estilo, entendem?

A gente tenta pensar que está inovando, que está contra a sociedade, mas na real, somos seres humanos com alguns gostos parecidos... E o que é bonito sempre vai atrair mais olhares.

Mas então fiquei pensando... ficar antenado nas tendências treina o seu olho para futuras modas. Por exemplo: a Björk (sim, ela de novo, eu sei) lançou seu último álbum em Maio do ano passado com o seguinte visual:


Lã, bordados, e todas as cores do arco-íris. Fora o foguinho, que depois de ter visto aqui, não paro de enxergar fogo em layouts e designs que olho por aí.

E para minha surpresa, a Zero Hora de hoje, publicou uma nota no Caderno Donna, falando sobre esta estilista, e das suas experimentações com lã e outros materiais.



Eu me pergunto.. seria tudo coincidência? Ou o pensamento humano tem um imaginário coletivo? Aí, fui dar uma olhada no Site das sandálias Melissa e me deparo com a nova campanha:

Cachecol de lã... com as cores do arco-íris!


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Bilhetes aéreos, população aérea.


Com esse vídeo, dá vontade de levantar do sofá durante a novela e fazer algo. Tá bom, ok... levantar durante o intervalo da novela.





Neste momento, agora, empresários, lojistas, operários... TROUXAS, estão pagando o imposto de renda, para gente que não tem vergonha na cara, mandar amigos para Miami comprar muamba e creminhos da Victoria's Secrets.

A frase acima, foi fortemente inspirada no comentário de Luiz Carlos Prates no Jornal do Almoço de Santa Catarina, do dia 20 de Abril, em pleno escâncalo das passagens aéreas da Câmara de Deputados e Senado.

Eis o vídeo.



Devo dizer que, todo verão que vou à Florianópolis, já é costume da minha família, ficar fazendo piadinhas sobre o Jornal do Almoço Barriga Verde. Pois, além da abordagem ser super diferente da do nosso Jornal do Almoço Gaúcho, ainda por cima, tem uma cara que faz tipo a coluna social, que coloca fotos dos churrascos que os amigos fazem em casa. É bem despojado. Mas devo salientar, que sempre admirei os comentários deste senhor do vídeo acima. Descontando a cor da tintura da cabelo, ele está totalmente correto nas suas afirmações. E principalmente na ênfase que dá, ao bater na mesa.

Precisamos disso aqui no Rio Grande. O Lasier é bom. Mas parece que o choque que levou na Feira da Uva, lhe tirou essa gana de protestar.




segunda-feira, 4 de maio de 2009

O "jeitinho" brasileiro no caso Isabela Nardoni.


Até que ponto vai o jeitinho brasileiro? Pra quem não conhece, ou não sabe o que é esse hábito nacional, aqui está uma definição:

Existe sempre um jeito de sair dessa ou de levar vantagem.

Isso até tem uma conotação engraçada entre nós brasileiros. Quem nunca deixou de dar nota fiscal, pra não ter que dar tanto de comer ao Leão? Ou quem nunca descobriu uma maneira de burlar uma blitz, depois de ter bebido um pouco na noite?

E quem nunca, também, não pagou um amigo pra roubar seu próprio carro, e assim pegar a grana do seguro? Inofensivo, né?

Bom, se seu alerta ético já começou a soar, você vai entender o que quero dizer.



Você se separou da sua mulher, com quem tem uma filha pequena. Motivo: muitas brigas. Conhece outra mulher, se apaixona e casa com ela. A relação é passional, muitas discussões, que eventualmente terminam em sexo. O casal acha isso excitante e por isso continua junto. Eles têm um filho. Mas a segunda mulher é tão ciumenta, que não aguenta conviver com a enteada. Além disso, dinheiro é um problema para os dois.

As brigas começam a afetar as crianças. A enteada é respondona com a madrasta. E como para a mulher já é natural bater às vezes no marido, ela sente liberdade em bater na menina também. Só que nesse dia, a criança fica com um ferimento sério na testa. Chorando e esperneando, a garota grita que vai contar tudo para a mãe dela. A madrasta, imagina todo o cenário de agressão infantil indo parar na delegacia. Num ato de auto proteção, ela decide eliminar o possível motivo, para a destruição de sua família. Ela tenta enforcar a criança. A infante fica desacordada. O pai, em desespero, acha que a filha está morta. Sem pestanejar, ele pega a criança, leva-a até o quarto, fura a rede de proteção da janela e joga sua filha do sétimo andar.

Você deve se perguntar: o que ele pensou naqueles poucos segundos antes de jogar o corpo pela janela?

Eu consigo imaginar.

Ele deve ter se lembrado de quando colou no colégio pra passar em química. De quando um amigo armou para o celular dele, não gastar créditos e ter sempre como ligar. E principalmente, ele se lembrou que nunca ninguém reclamou.

Vendo pelo lado lógico, ele tinha um problema nas mãos. Para sair dessa, ele arranjou uma solução.

Na teoria, foi perfeito. Mas na prática, ele falhou. Pois ele e a mulher acabaram presos.

Todos nós já imaginamos o crime perfeito. Principalmente depois de ver um filme de roubo de banco. Você torce para que o plano dê certo. Isso é natural, pois somos seres inteligentes, que procuram sempre uma solução para uma situação problemática. Mas notem, isso sempre é visto pelo nosso lado racional, pois se fossemos deixar a emoção aflorar na hora, é bem provável que muitos estudantes da 5ª série, saíssem chorando de uma prova de matemática.

Vivemos num país onde quem leva vantagem burlando regras, é visto como esperto, como safo. Além de resolver questões, isso infla o ego e faz o indivíduo sempre a procurar mais essa sensação. Pois, afinal, sempre dá certo, não é? É socialmente aceitável, certo? Como diria o vocalista do Bidê ou balde: e por que não?

O sangue da menina era igual ao do pai. Foi ele quem deu o nome a ela... e por que não?

É quase um complexo de Deus: dei a vida, posso tirá-la também.

Essa estória, poderia ser a do caso Nardoni. Não vou dizer que é, pois fantasiei algumas situações. Utilizei esse tipo de recurso para colocar o leitor, no lugar do protagonista e entender a lógica dos acontecimentos. Isso tudo para chegar a pergunta: até que ponto o jeitinho é perdoável?
Sempre tive esses pensamentos sobre o caso, mas nunca coloquei por escrito, pois sempre acreditei que muitas vezes, é melhor falar de algo bom, do remoer coisas ruins, que não levam a nenhuma solução. E com a condenação, pensei: eles estão tendo o que merecem. Fechei o caso.

Mas depois de saber que o casal condenado, contratou o mesmo advogado que defendeu Sérgio Gomes da Silva e Farah Jorge Farah, para uma apelação, minha indignação explodiu em pensamentos, os quais compartilho com vocês, neste singelo blog.


terça-feira, 28 de abril de 2009

Vamos mostrar pra essa cidade, como se beija essas estrelas.



Sabe quando você tem uma dúvida e fala: “preciso procurar isso no Google”, mas no fim, sempre se esquece? Pois é, isso acontece direto comigo. E uma dessas curiosidades que eu sempre quis saciar, era o significado da palavra Manhattan, e por que colocaram esse nome no famoso bairro de Nova York.



Baixando músicas do último álbum do Kings of Leon, me deparei com uma versão ao vivo, no Festival Glastonbury, de uma música deles chamada “Manhattan”. Como não era a versão do álbum, eu sempre pulava essa no Ipod. Mas depois de viciar em “Use somebody” e “Sex on Fire”, resolvi abrir mais o leque e ouvir a tal versão ao vivo. Resultado: talvez seja a melhor música que eles já fizeram.



Pela sua melodia cativante, pela guitarra base, pela guitarra solo, pelos vocais de Caleb Followill... enfim, por toda ela. E o que chama atenção também, é sua letra:

"Eu gosto de dançar a noite toda, isso chama o dia
Não importa quem você é,
Então nós dançamos a noite toda e dançamos o dia todo
vamos bebericar esse vinho e passar o copo,
quem precisa de avenidas, quem precisa de reservas
vamos mostrar a essa cidade como se beija estas estrelas,
Eu digo"


Numa primeira impressão, você pensa: “ah, essa música é sobre como aproveitar a noite em Manhattan”. Ainda mais pela fama de conquistadores, de jovens socialites e modelos esquálidas, que os irmão Followill tem. Mas então, procurando pela letra no Google, me deparei com um site que comenta sobre o significado da canção:

Manhattan, que é parcialmente sobre dançar e aproveitar a vida, também é sobre a luta dos Americanos Nativos (índios). “´Manhattan’ é na verdade uma palavra Americana Nativa que significa ‘ilha de muitas colinas,’” diz Caleb, que acrescenta ainda que sua família tem sangue Americano Nativo.

Vocês não imaginam como fiquei surpresa. Além de saciar uma dúvida antiga, descobri que uma música que eu adoro, tem um significado muito maior. Ainda assim, fiquei meio ressabiada, pois, vai acreditar em tudo que se lê nesses sites, né?

Então, procurando no youtube, por vídeos dessa música, me deparei com este vídeo, que talvez seja o oficial. Mostrando a banda, ainda criança, em vídeos caseiros de família.

Assim, as partes da canção, que dizem:

"Vamos abastecer a fogueira, vamos atiçá-la
quem precisa de avenidas, quem precisa de reservas"


Ganham um outro significado.
Lindo.


sábado, 18 de abril de 2009

Comemorando a volta pra casa do último feriado.



Tudo é brincadeira até que alguém perde um olho. (vídeo em inglês)




Acidentes de carro, fascinam as pessoas. Isso é fato! Pois sempre depois de um grande feriado, como a Páscoa, ou agora o feriadão de Tiradentes, vemos vários casos de pessoas que arriscaram as suas vidas pra chegar em casa. E muitas delas são bem sucedidas na vontade de chocar-se com outro veículo. Os números não mentem: na volta da Páscoa, mais de 10 pessoas morreram na estrada, só aqui no Rio Grande do Sul.

O que será que faz um pai de família acelerar o carro, cheio de crianças, numa estrada como as brasileiras? Só pode ser pela adrenalina de uma possível colisão. Eu não vejo outro motivo... Chegar cedo em casa? E que tal chegar vivo em casa?

Esse filme curta metragem que postei ali em cima, é ótimo. Tem humor, mas passa uma mensagem. É obscuro, mas tudo não passa de uma brincadeirinha. Uma mistura de sentimentos se passa dentro da gente, assistindo aquelas cenas.

Devo confessar que sou aficcionada por cenas que envolvam acidentes de carro. Adoro o impacto que causa nas pessoas. Parece estar acontecendo mesmo. Claro, que isso depende de como a cena é filmada. Aqueles carros explodindo nos filmes dos anos setenta não causam nenhuma emoção em mim.

Mas em filmes como Filhos da Esperança, onde um ataque a um carro, acontece do ponto de vista interno do veículo, a tensão fica no nosso colo, na sala de cinema. Uma das cenas iniciais do filme Paranóia, é muito bem montada, pra mostrar um acidente de carro numa estrada. O impacto é certeiro, assim como nas nossas emoções.

Em vídeos clipes, é costumeiro vermos esse tipo de cena. Aqui vai uma listinha só pra ilustrar essa fascinação:

- Coldplay, The Scientist
- Adele, Chasing Pavements
- Joss Stone, Spoiled
- Depeche Mode, Wrong.

Existe um filme, de uns 15 anos atrás, chamado Crash, do diretor David Cronenberg (adoro ele) que não é o que ganhou o Oscar. No Brasil, ganhou o subtítulo de Estranhos Prazeres, pois na estória, os personagens gostavam de transar em carros durante acidentes. Segundo o filme, um acidente de carro gera uma energia crua, que pode revigorar sua vida sexual.

Na vida real, não sei se é algo sexual que impulsiona as pessoas. É certo que a vontade de correr, ou até mesmo, desobedecer leis básicas de trânsito, indicam uma insatisfação humana com algo.




segunda-feira, 30 de março de 2009

Música nova de novo.

(seria bom você ler este post com tempo, para ouvir as músicas linkadas, caso não as conheça ainda)

Há algum tempo a cena musical se rendeu ao hip-hop. Rádios que antes só tocavam bandas de rock e pop do momento, dedicam boa parte de sua programação aos “batidões” americanos ou até mesmo brazucas.

Missy Elliot: Pass that Dutch e Gossip Folks.

Não é de se surpreender, pois há muito tempo, a fórmula “quatro rapazinhos se juntam e fazem canções de 3 acordes” já se esgotou. Com raras exceções, como Kings of Leon, o rock se estagnou, e é mais uma questão de ego do que uma busca por sonoridades inovadoras. Isso aliás, já está acontecendo com o hip-hop, com seus rappers obcecados por ouro, mulheres e tiros.

Lil’ Wayne: Lollipop.
Ele foi o recordista de indicações do Grammy neste ano.

Por isso é comum ouvirmos alguns “puristas” dizendo: “isso é música de negão”. É claro que eu não gosto das letras que degradam a mulher ou que dizem que vão matar o outro “filhadaputa”. Mas a inovação em batidas e até melodias desse estilo musical, me cativam. E o mais engraçado, é que graças a esses “negões”, há 50 anos atrás, nós ganhamos o Rock. O que os puristas diriam? Que isso é música de satã?
Não que o hip-hop seja a salvação da música. Mas é que ultimamente é de lá que vem a coragem de experimentar mais, com diferentes sonoridades.

Muitas vezes, um músico é tão inovador, que a “mídia especializada” não consegue rotular seu estilo. Um bom exemplo é M.I.A. do Sri-Lanka, radicada na Inglaterra. Ouvindo seu single arrasa quateirão Paper Planes, seria muito fácil rotulá-la como rapper. Mas ouvindo mais sua obra, notamos um diferencial que é indescritível.

Umas das faixas de seu álbum é Hombre.
Videoclipe lindo de Jimmy.

Na onda que a Cingalesa formou, se sobressaiu Santogold. Com sua mistura de batidas sincopadas e efeitos, ela criou uma atmosfera própria e extremamente original. Se confundindo com o estilo hip-hop, no estilo de se orgulhar dos próprios dons, em Creator, ela esbraveja sua qualidade criativa, e com toda razão. Em L.E.S. Artists, além de ser uma canção bem produzida, há um videoclip de arrepiar de tão bonito.

Talvez os meus favoritos, sejam a dupla sueca, The Knife. Formada por dois irmãos (ele faz a parte eletrônica e ela canta e compõe), que em 2003 lançou o álbum Deep Cuts.

Talvez vocês conheçam a música Heartbeats, de autoria deles, na versão cover de José Gonzales, que foi utilizada num comercial do Sony Bravia.

Devo dizer que prefiro a versão original. Mas dentre a obra dos escandinavos, prefiro Marble House, com sua melodia etérea, misteriosa e emotiva. A letra é tão fofa! Em Pass this on, a mistura de teclados caribenhos com batida eletrônica é mágica.

O videoclip não poderia exemplificar melhor o tema deste post. A perplexidade dos caretas diante do diferente.



segunda-feira, 16 de março de 2009

Agora você vê. E agora você não vê.



(seria bom se você já tiver assistido algo da obra de Pedro Almodóvar para ler este post)

Devo dizer que quando era adolescente, eu achava os filmes do diretor espanhol Pedro Almodóvar, sem sentido e forçados. Mas com o amadurecimento mental, comecei a admirar sua obra.




O primeiro dessa leva, foi o “Tudo sobre minha mãe” que achei interessante. Mas ao mesmo tempo, não entendia todo o auê da crítica sobre o filme. Era uma película light se comparada com as anteriores do espanhol. Claro que ainda havia lá, os seres semi-bizarros criados por Almodóvar: o transformista, a freira grávida, o pai que virou mulher. Uma trama com personagens “mexicanescos” e situações estranhas. Típico filme Almodovariano, você diria. Mas o que realmente se sobressai, é a razão de tudo isso existir. Nada é gratuito nos filmes dele. E o que parece ser exagerado, muitas vezes não é o que pensávamos. Por exemplo, o início de “A Lei do Desejo”. Vemos uma cena de forte conteúdo sexual entre dois homossexuais, e pensamos “lá vem esse Almodóvar forçar a barra”. E então, quando você está quase saindo da sala de cinema (ou apertando stop), vemos que era um filme dentro do filme. Aqui podemos notar a perspicácia do roteirista/diretor em brincar com o próprio estereótipo. É quase uma meta-linguagem. Acredito que Woody Allen também tenha essa característica. Mas voltando ao cineasta latino, com seu jeito quase de ilusionista em enganar o espectador, devo dizer que “Fale com ela” foi o filme que me fez admirar o diretor em questão. Talvez o que tenha mais enganado o público, foi o enfermeiro Benigno. Com um jeito carinhoso demais, logo pensamos que ele é gay e que nunca desejaria a personagem em coma. Mas de uma forma quase lírica, com um filme dentro do filme (novamente), Almodóvar nos mostra o ato que mudará o curso do personagem, diante da Lei e perante nossos olhos. Ele utiliza também uma apresentação de dança, onde o homem tira os obstáculos do caminho, para a mulher não se machucar... essa descrição diz tudo. E mesmo tendo um final piegas para o gosto de alguns, acredito que muitos ficam tocados pela simples frase: “Marco e Alícia”.



Talvez o melhor filme que melhor exemplifique o “macete” de roteiro que Almodóvar utiliza, seja “Mulheres a beira de um ataque de nervos”. No filme de 1988, quando a personagem principal, Pepa, uma mulher largada de um amante casado, vai procurar uma famosa advogada feminista, pois acredita que a mesma, irá se solidarizar com a causa de uma amiga envolvida com um terrorista, o que acontece é uma sucessão de grosserias, que beiram o pastelão. Mas o que nós, reles audiência, não sabíamos, era que a tal advogada era a outra amante do namorado de Pepa! E então toda aquela discussão que parecia gratuita antes, faz todo sentido agora. E além disso, enquanto nós assistimos o filme, nós pensamos que Pepa trata-se de uma mulher rejeitada que quer a todo custo reencontrar o amante para faze-lo voltar. Quando na verdade, o filme todo, trata-se de uma futura mãe, querendo avisar a existência do seu filho para o pai. E isso só se descobre no final.

Estamos cansados de ver em novelas, o recurso do fantasma que assombra, ou ajuda certos personagens. Num país onde o espiritismo é do agrado da maioria de sua população, o artifício do espírito que volta é Ibope alto na certa. Em “Volver”, quando achamos que ele resolve utilizar esse recurso folhetinesco, tão conhecido dos nossos olhos, ele nos surpreende com um fantasma que solta gases... e não são de enxofre! Metano mesmo! E claro, descobrimos que o fantasma da mãe, na realidade é de carne e osso, e está se escondendo por causa de uma mentira no passado. E os logrados, de novo, somos nós, estupefata audiência. Bravo.




sexta-feira, 13 de março de 2009

Quando saio.


(leia se estiver de bom humor)

Quando saio a noite, sempre me lembro da frase do Tiago: publicitário é uma mistura de advogado com camelô.

Pois realmente, na balada, pra ganhar alguém você tem que vender seu peixe.

E isso tudo, leva muito em consideração o visual. Principalmente pras gurias. Não sei vocês meninas, mas eu nunca cheguei num cara. Nada contra as guerreiras, mas acredito que infelizmente, pra nós mulheres, o visual importa muito na hora de ganhar um carinha. Por isso, praquele paquera chegar em você, capriche no layout, se não, muitos olhos vão passar, mas nenhum vai parar em você. É sexista, é fútil, mas é verdade. E vocês sabem disso.

Eu uso óculos. Desde os 8 anos de idade. Minha miopia é alta, meu astigmatismo é maior ainda. E durante minha adolescência, saí muito pra noite sem os óculos, pois achava queimação de filme ser a “quatro-olhos” da festa. É claro que eu não enxergava ninguém, e a festa acabava sendo um suplício. Então, aos vinte anos, experimentei lentes de contato, me adaptei legal, mas não tinha saco de colocar, lavar, etc. Por isso, hoje em dia saio com os óculos, sem trauma nenhum, e muitas vezes, me esqueço até que estou usando-os. O problema, são as outras pessoas. Querendo ou não, existe um preconceito contra os “quatro-olhos”. Talvez hoje nem tanto, pois mais gente usa essas lentes. Mas antigamente (leia-se anos 80), isso era um grande problema, vide aquela música dos Paralamas. Pra quem usa óculos, não tem como não se identificar com essa canção: “Eu não nasci de óculos.... Eu não era assim”.
Mas hoje, é até charmoso ter um par de lentes. É considerado modérrrno. Principalmente aquelas armações de hastes grossas e pretas. Quanto mais grossa a haste, mais hypado você é. E quanto mais fina, mais inseguro você é aos olhos das outras pessoas.

Deixe-me explicar.

Meus óculos sempre foram super pesados devido ao meu grau. Por isso, essas armações consideradas “modérrrnas” me fazem lembrar situações infantis onde o que eu mais queria, era ter uma armação transparente, para as pessoas verem o meu rosto e não os óculos. Então surgiram os modelos “pregados” nas lentes de policarbonato, e as hastes finas. Finalmente meu sonho se realizou, e eu podia sair pra noite enxergando todo mundo e sem aquela “máscara”.
Mas eu descobri uma coisa, sobre essa onda de usar óculos, ser “cool” agora. Quem usa armações “transparentes”, como a minha, ainda é visto como aquele “quatro-olhos” querendo se enturmar com os outros. Os outros olham e pensam: “como ela é insegura, não quer assumir sua deficiência, ou melhor, está querendo tirar onda de sem-óculos, como se ninguém estivesse notando que ela não enxerga sem eles”. Ou seja, os outros preferem que você assuma totalmente que usa óculos, e que não tente disfarçar isso com uma armação discreta. As pessoas preferem que você saia na rua sem os óculos, não cumprimente ninguém (pois não enxerga nem a ponta do próprio nariz), e fique com fama de esnobe por isso. Acho que usar um óculos mais estiloso, de aro preto, faz com que tu sejas identificado mais facilmente: “hum, aquele deve ser intelectual”, quer dizer, isso a minha vó diria. Hoje em dia a gente vê alguém com esse tipo de armação e diz: “hum, esse deve ser designer”. É uma forma mais fácil de identificar os outros. E todo mundo sabe que ninguém gosta do desconhecido, principalmente daqueles “desconhecidos” que você não consegue identificar de qual tribo ele é. Redundâncias à parte, o que quero dizer é: muitas vezes, as aparências enganam, e muito. Clichês à parte, o que quero dizer é: vou continuar usando esses óculos e vou esperar que os outros tenham menos preguiça social, e conversem uns com os outros, sem tentar rotular.

As pessoas não mudam, eu sei. Então, o melhor que podemos fazer é rir das maneiras que os seres humanos tentam abordar os outros, através da aparência. Eu poderia até dar um curso de como chegar em pessoas de óculos. Ou melhor, eu posso dizer o que NÃO se deve dizer. Por exemplo, nunca tente dar uma cantada numa guria que está de óculos, dizendo: que óculos lindo. O máximo que ela vai fazer é te dar o endereço da ótica onde ela comprou. E pode ser considerado como uma grosseria, pois você não chega em alguém que não tem um braço e diz: “tu fica tri bem sem braço”. Ou pra alguém que não tem uma perna: “eu adooooro perneta”. É rude, e ainda por cima, é como se você estivesse só notando os defeitos dela!
E a pior coisa que se pode dizer a alguém que usa óculos, numa cantada é: “você deve ser intelectual”. É o mesmo que chegar em alguém que não tem um dedo e dizer: “você deve ter sido torneiro mecânico... Ei! Você pode ser presidente um dia!”


Texto postado originalmente no falecido Padrão Iogurte.





Procurando padrões.



Descobrir de onde vêm as tendências é algo que acho interessante. É quase como um trabalho a la Sherlock Holmes. Mas temos que ter cuidado para não ficarmos paranóicos como o personagem do Russel Crowe em “Uma Mente Brilhante”, senão daqui a pouco você vai ver mensagens subliminares nos discursos do Lula.
Com o tempo, comecei a notar certos padrões no mundo da moda. Daí, assisti o filme “O Diabo Veste Prada” e descobri que o meu pijama de bolinha que uso para dormir, foi maquiavelicamente bolado, por um estilista em 1914, que queria escandalizar a sociedade da época. Claro que não foi bem assim, mas vocês entenderam o drama.

Por isso, sempre apreciei quem tivesse um estilo próprio, que fosse criativamente independente dos ditadores de moda. Mas então aparecem as famosas manchetes nas revistas do ramo: o que NÃO usar, o que NÃO pode faltar no guarda roupa, etc.
E se você não seguir isso, você é brega, ou inadequado.

Para quem não sabe sou muito fã da cantora Björk, pois acho que suas melodias são épicas, as batidas são fortes e os barulhinhos são geniais. Acho super divertido o estilo de vestir dela, pois ela adora brincar com o que veste. O que, para muitos, beira o exagero. Sempre achei que por detrás desse estilo brincalhão, poderia surgir algo realmente usável no futuro. Como todos sabemos, por trás de toda brincadeira, existe uma verdade. Mas nunca levei isso a sério, pois para mim, a Björk não liga para o que as pessoas vão vestir no futuro.

Qual não foi a minha surpresa quando vi esta duas fotos:



Björk no Europe Vídeo Music Awards, em 1996.
Anna Wintour, em evento de gala no The Metropolitan Museum of Art of NYC, 3 meses atrás.

A mulher considerada o Czar das tendências, seguiu os passos da islandesa que muitos acham brega. Aí, eu lavei a alma.
Com isso, resolvi juntar todas as coisas que achei que fossem inspiradas no estilo Björkiano de vestir. E encontrei um padrão, claro. Pois como o Carl Sagan já disse, o ser humano é uma máquina de detectar padrões.



Björk no show de São Paulo, ano passado. Rodaika, aqui em Porto Alegre, e a sensação teen do momento nos EUA, Miley Cyrus.



Björk, inspirando durante concerto em 2007. Gisele arrasando em ensaio pra revista W, este ano.



Madonna em evento deste ano. Björk curtindo seu show ano passado. Notem os laçarotes do pescoço.



Björk no Oscar, em 2001. Natalie Portman, em Cannes este ano.

O vestido de cisne é um marco para a cerimônia do Oscar. Pois além de estar ultra glamurosa, ela tirou um sarrinho dessa tradição de pavões narcisistas, que é o tapete vermelho dessa premiação. Nada mais justo do que se vestir de uma ave!


“Esse é o meu bebê.”
“Vai um ovinho?”


Texto originalmente postado no falecido Padrão Iogurte.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Para começo de caminhada.





Como já dizia o ditado chinês: Uma jornada de mil quilômetros começa com um simples passo. E para começo de caminhada, explico as razões deste blog existir.
Wanderlust é para fugir do lugar comum, do clichê. E ao mesmo tempo, reverenciar aquelas idiossincrasias do dia a dia, que nos tornam tão humanos. Aqui, também será um espaço para reverenciar o brega, o kitsch. Pois acredito que, quem não tem medo de passar vergonha, só pode estar falando a verdade!